Lake
O dia em que a tranquilidade na varanda não é perturbada por
nada além do uivado lento do vento.
O suspiro da mudança entre o incerto e o certo não é algo
que se busca, é algo que acontece sem pensar, sem querer, sem pedir e sem
esperar.
O doce fulgor da inspiração, do alento e a perdição inócua
de um olhar tão simplista quanto gota de água em oceano, torna-se tão cativante
que a insensibilidade se parte, quebra e esfarela como se nunca estivesse ali
antes, ah antes, alicerce de um ser, que deixou de existir.
O ser pode ser tão completo quando falta a falta?
Em ritmo inquieto, mas quase que imóvel o medo deixa de
existir, passando lentamente a ser esquecido ou deixado de lado quando tudo o
que interessa é essa precisa inspiração que vem de outro, esse que com seus
defeitos e suas qualidades, com seu sorriso e seu sono...traz o uivado outrora
lembrado, consigo.
Sem menção honrosa, louros ou oferendas, sem endeusamento ou
veneração. Tudo passa a ser o que é, o simples importar somado ao simples
querer, e pronto, as coisas acontecem.
E enquanto acontecem tudo está bem, e não se quer mais nada
além de que continuem a acontecer...aconteçam.
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