Le Moissonneur




Ouvira ele o bater na porta, misturado aos pingos de chuva que caiam raivosos la fora, como se quisessem atacar alguém...batidas cansadas ao meio da velha porta da madeira.

Nao tivera pressa em atender, não estava a esperar ninguém a esta hora, pensou ser engano ou algo que não lhe importasse. Apreciava naquele momento o cheiro da sopa  de legumes que estava no fogo a lenha, o cheiro bom lhe distraia da dor que sentia no fundo de seus olhos e lhe tirava um pouco do peso de seu coração, e fora interrompido...passos lentos o levaram ate a porta.

Quando finalmente abriu, teve de correr os olhos para baixo, não era homem ou mulher, apenas um garoto vestindo trapos molhados.

Que queres? Perguntou o velho

O menino, ao olhar para cima e ver as feições cansadas, os olhos vazios e os cabelos grisalhos do senhor que lhe atendeu, sentiu-se ainda mais impotente, e sentiu também sua chama de esperança se apagar, como a de um pequeno fósforo ao menor toque da mais ínfima gota d'água.

Um pedaço de pão senhor...respondeu ele.

O velho bufou, e segundos antes de virar e bater a porta, deu mais uma olhada naquele menino, e observou que ele estava descalço...e perguntou:

Por onde andastes menino?

O menino com os mesmos olhos vazios do velho, respondeu:

Andei por onde tu andaste, vivi tudo o que tu viveste, cresci amando a mulher que amaste, e sofri toda a dor do mundo quando a perdeste...me tornei isso que vês agora, um velho maltrapilho sem nem o que calcar vestido de criança...e sem ter o que amar tive que andar por léguas para poder me encontrar novamente, e quando finalmente me encontrei, passei ainda mais horas com medo de bater em minha própria porta e descobrir o que me tornei no fim de minha vida.

O velho sentiu o escorrer das lagrimas em seu rosto...e não viu, não sentiu e não viveu mais nada.

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