Lethe
1..2..3..4..5..6...
O "tic tac" que ouvimos é bem diferente do "tum tum" que guardamos.
Olhos serenos em meio ao silêncio choram grandes gotas que caem do céu em meio a uma corrida qualquer.
O ontem também é bem diferente do amanhã, o amanhã guarda também pra sí o que hoje apenas em sonho possuímos.
A flor desabrocha com o passar do tempo, o tempo passa e também envelhece o mesmo questionamento diário, de certo, errado, de sim ou não, de isso ou daquilo...
Por lentes diferentes vemos o mesmo, nos vemos mesmos, mesmo sem nunca permanecermos iguais.
A difícíl compreensão das palavras torna ainda mais irrelevantes os sentimentos, tão insignificantes são eles que poderiamos morrer em sua virtude, apenas para tentar achar um significado para tudo isso.
A luz que permanece acesa, um belo dia se apaga, tudo fica escuro, e leva um tempo para nossos olhos se acostumarem, e é assim com a luz, com a noite, com o dia e com a vida.
Entre latidos, miados e grunhidos, nem nos importamos, apenas paramos por alguns segundos, e logo retomamos nossa atenção para a inutilidade e futilidade dos outros, nos esquecendo de nós mesmos.
Os oceanos é que são os grandes baús de tesouros, guerreiros que guardam o que ninguem ainda descobriu e com uma fúria que invejamos se mantêm firmes à sua palavra de guardiões. O céu por sua vez, é sempre a linda dama vestida de nuvens, e que nao se importa em derramar suas lágrimas sobre nós vez ou outra...pobres dos dois, nunca se completarão, um amor que ficará ali, sempre separados por eles próprios.
Enquanto que no canto da sala brilham esmeraldas capciosas espreitando tudo, procurando sempre por uma saída, sente-se preso, preso não esta.
Daí espera, aguarda, pensa, reflete, faz, refaz, um pouco a cada dia, vai pra frente, um pouco mais, um passo, agora outro, aprendendo aquilo que sempre soube...vai indo, continua, não para, sabe o que precisa saber, todos sabem, não perde tempo consigo mesmo...ganha para sí o que outrora nem sabia que tinha e que tem.
Nesse dia acordamos melhor do que ontem, mesmo pensando não termos dormido, súbito emergir de águas geladas de esquecimento.
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