Arayashiki





Uma folha de papel em branco não contém nada, ou, aos mais atentos, pode conter absolutamente tudo.
Um pensamento que atormenta, uma razão sem motivo de ser, um ser sem a razão alheia em pensamento.
A falsa quietude de uma tempestade interior, ventos que sopram ferozmente em coração quente.
Toque, olhar, palavra e pensamento...tudo junto e misturado, conjunto de "tudo" que se resume no vazio. Vazio?
Um não pode preencher outro se não se sentir preenchido, não pelo outro, mas por sí próprio, sempre por sí próprio primeiro.
Sabes que olhas no espelho, e sente em teu rosto a lágrima tua.
O coração de quem é ferido não sangra só, faz sangrar em quem é querido.
Algo mais profundo, mais distante que um hoje fatídico, do que um agora mais que imediato, do que um ja insuportavelmente doloroso....algo mais, mais além.
E no marasmo, na mesmice, no cotidiano é que se continua, onde hoje nos parece que nada mais é motivo para aquilo que mais anciamos.

Mas que sentimento é esse? É tudo e é nada, é se preencher com vazio, é elevação em queda, é preenchimento com papel branco...e que não pode morrer por nunca ter vivido.

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