A Look

Certa vez um menino de rua estava sentado à beira da calçada observando os carros à sua frente.

Os carros vinham, paravam no farol, e ele os observava. Mais do que os carros, ele gostava de olhar para as pessoas dentro dos carros, seus gestos, suas faces.

Naqueles momentos diários de observação, o menino não se importava em ser pobre, em estar ali descansando, para logo ter que voltar ao "trabalho", não importava para ele, que suas roupas estivessem sujas e rasgadas.

Para cada pessoa, o menino imaginava uma história, algumas alegres, outras tristes. Imaginava ele, como aquelas pessoas chegaram ali, e para onde elas iriam dali, e lhe encantavam todas as vidas que ele imaginava.

Quando o semáforo subtamente mudava para a cor verde, o menino se despedia, e lhes desejava muitas coisas mentalmente, para alguns um "Tchau!", para outros um "Até breve!", e ainda para outros "Boa sorte!" e muitas outras coisas.

Ele não se importava que sua brincadeira, por um breve momento, havia sido interrompida, porque tinha certeza de que o farol logo voltaria para o vermelho, e ele recomeçaria tudo de novo, com "Olá!", ou "Bom te ver de novo", ou ainda um "Prazer em conhecer!".

Com o passar do tempo, aquela brincadeira perdeu graça para o menino. Ele cresceu e foi tomado pela inveja, e pela raiva.

Hoje aquele menino descansa, esta adormecido na mente do homem que joga malabares à nossa frente. Esse homem não se importa mais com a origem daquelas pessoas, e pra onde elas vão, esse homem não imagina mais, ele apenas vive, tolera sua própria existencia, e se importa apenas com a cor da moeda que você possa dar para ele.

Hoje, ontem e amanhã o menino é um só.

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