Aurora Boreal

Outra vez me faltam as palavras.
Outra vez sou sobrepujado em meio a uma cachoeira de sentimentos.

Nada daquilo que vejo olha de volta pra mim com a mesma convicção falha que tenho.
Tudo aquilo que vejo olha de volta pra mim com a incerteza do que esta vendo.

Entre umas e outras, acabamos com aquilo que sempre falamos, com aquilo que sempre defendemos, perante os outros, mas nunca pra nós mesmos.
Entre outras e umas, nos despimos de vergonha, e nos tornamos ornamentos.

Durante alguns minutos, pensamos na brisa do mar tocando nosso rosto.
Durante muito tempo, pensamos no estafante dia-dia que corrói os prazeres.

Ao ver no horizonte aqueles que nos cobram, nos escondemos em meio a idéias desagradáveis.
No entanto, não há lugar para se esconder quando aquele que te cobra, é você mesmo.

Em dias de sol, não fazemos nada que nos agrade.
Em dias de chuva fazemos menos ainda, desejando dias de sol.

Vendo a beleza em alguma coisa, paramos, admirando e até sentimos inveja, cegamente ludibriados.

Enquanto tudo ocorre a nossa volta, nos voltamos para o essencial, ou seja, nada importante.

E quando finalmente nos encontramos em alguém...viajamos por outras galáxias, vivemos em outros mundos, rimos de tudo e de todos, somos aquilo de melhor, não para "o outro" mais para si mesmo....então, mudamos ou continuamos os mesmos?

Sendo que nunca expusemos esse lado antes. Por medo? Não! Falta de oportunidade. Quem diria!

Nada do que se fala pode ser tomado como 100%, isso simplesmente não existe no mundo emocional.

E quando cansamos da corrida, paramos momentaneamente. O coração para, o cérebro para, a respiração para, olhamos pro céu e vemos aquela enorme nuvem negra. Vai chover!

Então, depois de tudo, antes de tudo, durante todo o tempo, sempre, olhamos no olho mágico da alma, e vemos uma aurora boreal, linda e reluzente. Sou eu? Nos perguntamos.

Pode ser, pode ser tudo.

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